domingo, 3 de fevereiro de 2013

• Oviedo: o líder militar paraguaio que viveu entre o poder, a prisão e o exílio


03 de Fevereiro de 2013 19h46 
    1. Preso em uma penitenciária militar, condenado por tentativas de golpe, entre outras acusações, Lino Oviedo, que morreu neste domingo na queda de seu helicóptero, foi um caudilho que irrompeu no cenário político paraguaio em 1996, sete anos depois de derrubar o ditador Alfredo Stroessner (1954/89).
O ex-chefe do Exército, de 69 anos, de origem camponesa, foi o homem que obrigou pessoalmente o ex-ditador a se render, no dia 3 de fevereiro de 1989 -há exatamente 24 anos- e a provocar a queda de seu governo de 35 anos de poder absoluto.
O respeito que obteve após esse fato o marcou como um homem temível e impulsionou uma trajetória meteórica de coronel a chefe do Exército, até chegar a candidato a presidente pelo partido Colorado -hoje na oposição- nas eleições de 1998.
Carismático e de permanente protagonismo na política paraguaia, costumava discursar em guarani, língua falada pela maioria pobre do Paraguai.
Nos arredores de Assunção, mandou construir em um parque um espaço conhecido como "Linódromo" onde reunia seus seguidores.
Ele liderava as pesquisas de opinião com vistas ao pleito de 1998, mas dois meses antes da votação, seu adversário político, o então presidente Juan Carlos Wasmosy (1993/98) o acusou de tentativa de golpe em 1996 e uma corte marcial o condenou a dez anos de prisão.
Com Oviedo preso e sob o lema "Cubas no governo, Oviedo no poder", Raúl Cubas, seu afilhado político, venceu as eleições de 1998, com 54% dos votos.
Cubas assumiu o poder em agosto de 1998 e libertou seu mentor político ao assumir o poder, mas Oviedo foi enviado novamente para a prisão no dia 24 de março de 1999, um dia depois da morte do vice-presidente Luis María Argaña em um atentado.
Em 28 de março de 1999, Cubas entregou o poder acusado, junto com Oviedo, das mortes de Argaña e de 7 manifestantes contrários ao governo. Oviedo foi autorizado a sair da prisão e fugiu para a Argentina.
Em 9 de dezembro de 1999, dias antes da posse do presidente argentino Fernando de la Rúa, que tinha prometido expulsá-lo da Argentina durante sua campanha, Oviedo fugiu deste país e reapareceu em junho de 2000 em Foz do Iguaçu, no Brasil, onde foi capturado pela polícia brasileira.
O Supremo Tribunal brasileiro recusou o pedido de Assunção de extraditar Oviedo ao Paraguai e o libertou 18 meses depois, após qualificar seu caso como de "perseguição política disfarçada".
Em 29 de junho de 2004, retornou voluntariamente ao Paraguai e foi detido no aeroporto internacional de Assunção. Em 6 de setembro de 2007 foi libertado da prisão depois que uma corte militar confirmou o parecer do tribunal brasileiro de que Oviedo tinha sido vítima de perseguição política.
A Suprema Corte do Paraguai restituiu todos os seus direitos políticos e o habilitou a se lançar candidato presidencial nas eleições de 2008, onde ocupou o terceiro lugar, com 22º dos votos, em seis meses de campanha.
Oviedo dizia que se apresentaria pela última vez a uma eleição popular no pleito de 21 de abril e que depois deixaria a política nas mãos de seus filhos, Ariel e Fabíola, ambos deputados por seu partido.
Sua primeira aparição pública como candidato nestas eleições ocorreu em Luque, a 15 km de Assunção, em 12 de janeiro passado, onde reuniu umas 100 mil pessoas segundo os organizadores, 50 mil, segundo a imprensa local.

 AFP - <span style="font-size: x-small; color: rgb(136, 135, 127); ">Todos os direitos reservados. Está proibido todo tipo de reprodução sem autorização.</span>
AFP - Todos os direitos reservados. Está proibido todo tipo de reprodução sem autorização.




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