Mau tempo pode derrubar avião?
Por
|
Tempo é o principal fator de 23% de todos os acidentes aéreos em todo o mundo. Especialistas afirmam, entretanto, ser pouco provável que apenas o mau tempo derrube aeronaves
O Airbus A320-200 da AirAsia, cujos primeiros
destroços foram encontrados nesta terça-feira (30), teria atravessado
grandes nuvens de tempestade antes de desaparecer dos radares.
O voo QZ8501 seguia de Surubaya, na Indonésia, para Cingapura e desapareceu quando sobrevoava o Mar de Java. O avião transportava 137 adultos e 18 crianças, além de sete tripulantes.
Nesta terça-feira, a Indonésia confirmou que os corpos e destroços encontrados no Mar de Java são da aeronave da AirAsia, que desapareceu no domingo, 28, segundo um comunicado da companhia aérea.
Parentes
e amigos deixam mensagens para os passageiros do voo QZ8501 da AirAsia
que caiu no Mar de Java no domingo 28, noite de sábado do Brasil. Foto:
AP Photo/Wong Maye-E
1/36
Autoridades
de aviação locais afirmaram que o capitão pediu permissão para elevar a
altitude do avião, mas que, após a permissão ser concedida, a
comunicação com a aeronave foi perdida.
Ainda não se sabe o que
causou a queda do aparelho. Mas especulações apontam para um possível
papel do mau tempo na tragédia; mas, afinal, tempestades são capazes de
derrubar aeronaves?
Segundo Gloria Kulesa, da Administração de Aviação
Federal, órgão regulador da aviação civil nos Estados Unidos, o tempo é
o principal fator de 23% de todos os acidentes aéreos – com ou sem
gravidade – em todo o mundo.
Todas as vezes que um avião
desaparece dentro ou mesmo perto de uma tempestade, há especulações
sobre como as condições atmosféricas podem afetar o desempenho de uma
aeronave.Foi o que aconteceu com o Air France 447, que caiu no Oceano Atlântico em 2009 com 228 pessoas a bordo, a maioria brasileiros e franceses. As investigações apontaram para uma sucessão de falhas técnicas e humanas, a partir do congelamento dos chamados tubos pitot (sensores que medem a altitude e a velocidade do avião).
Especialistas afirmam, entretanto, ser pouco provável que apenas o mau tempo possa derrubar aeronaves. Em vez disso, como os pilotos e a tripulação reagem a uma adversidade determina se um incidente será fatal ou não, diz Sylvia Wrigley, comandante e autora de um livro sobre acidentes aéreos.
"Não consigo me lembrar de nenhum acidente em que o mau tempo foi a única causa do problema", diz ela. "Mas pode haver situações nas quais as condições meteorológicas elevam os riscos de que algo dê errado numa aeronave", acrescenta.
Tempestades muitos fortes podem avariar consideravelmente as asas de pequenas aeronaves, mas, normalmente, pilotos e controles de tráfego aéreo se esforçam ao máximo para evitá-las, mantendo uma distância mínima de 16 km.
Além disso, radares meteorológicos acoplados nos
bicos dos aviões permitem detectar fenômenos atmosféricos adversos com
relativa facilidade, reduzindo os riscos para a aeronave.
O
congelamento das asas ou da cauda também pode causar a queda do
aparelho, mas pilotos são treinados para evitar situações como essas. As
asas são equipadas com "fios estáticos", que dissipam a eletricidade de
relâmpagos com segurança. Estima-se que uma aeronave comercial seja
atingida por raios pelo menos uma vez todos os anos.
São
pequenas as chances, contudo, de que acidentes sejam causados por
falhas dos pilotos em lidar com o mau tempo em altas altitudes. A
Organização da Aviação Civil Internacional calcula que mais da metade de
todos os acidentes ocorridos entre 2006 e 2011 tenha sido relacionados a
pousos e decolagens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário